Encantadora Lisboa

 Lisboa é o meu lugar predileto no mundo e parece que não importa quantas cidades, eu acrescente à memória, nenhuma consegue superar o afeto e a admiração que nutro por esta grande capital europeia que representou, para mim, os portões de entrada para o Velho Mundo. 

 Em síntese, asseguro com firmeza que ela é incomparavelmente sublime, da mesma maneira, que afirmo que é colorida, iluminada e repleta de vielas. 

 O bairro Alfama é o mais esplêndido labirinto existente e juro que quando me debruço sobre o Miradouro de São Pedro de Alcântara já não vislumbro somente a perfeita Lisboa, mas entrevejo o Éden com o lindo Tejo ao fundo. 

 Tudo que a minha vista pode apreciar é embalada pelo belo fado que, embora trate de sofrimento e tristeza, confesso que não pode suscitar em meu âmago nada que não seja satisfação pela arte e pela vida cujas amargas vicissitudes na voz potente do fadista, logo são olvidadas mesmo que por um mísero instante. 

 Talvez, seja por causa disso que me agrade a ideia de que, conquanto o fado expresse os males, ele também é o remédio para os mesmos.

 Esteja preparado para se encantar, quando atravessar o grandioso Arco da Rua Augusta que mais do que uma suntuosidade arquitetônica simboliza a determinação de Lisboa ao permanecer imponente, apesar das crises, terremotos e incêndios. 

 Enquanto, devaneia ao considerar que no Miradouro das Portas do Sol, logo ele irá se pôr, por simples capricho próprio, para que possa assim resplandecer sobre o límpido Tejo, ou mesmo, fantasie sobre o motivo pelo qual o Bairro Alto jamais adormece, no entanto, pelo contrário, com um infindável retumbar de músicas e risos parece que ele é o coração pulsante desta cidade ideal. 

Pode soar exagerado adorná-la com tal elogio, todavia ele é a mais singela verdade, pois Lisboa para quem deseja, possui os mais verdejantes parques e os mais opulentes palácios, além de ruas estreitas e medievais que se transformam subitamente em modernas e requintadas avenidas. 

 Ademais, ostenta a melhor gastronomia do mundo e o melhor doce já inventado, o famoso pastel de nata. Como se não bastasse, Lisboa é a cidade de Santo Antônio de Lisboa, mas também de Os Lusíadas, sem a qual a literatura em língua portuguesa seria incogitável, se bem que caso deseje um gênio literário mais contemporâneo certamente encontrará entre as palavras de Fernando Pessoa as mais belas expressões. 

Por isso, divagando comigo mesma, penso que a maior alegria dos heroicos navegadores portugueses das Grandes Navegações não era descobrir o Novo Mundo ou trazer as especiarias do Oriente, mas sim regressar para sua incomparável Lisboa.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.