Luís de Camões – O pai da língua portuguesa

 Luís de Camões – O pai da língua portuguesa

A linguagem é uma particularidade humana que consente o surgimento da complexa e dinâmica sociedade. Não obstante, ao se ramificarem em imensuráveis comunidades se diferenciam tanto que já são ininteligíveis uma para outra, mas compartilhar do mesmo idioma não se restringe somente a compreender-se mutuamente, na realidade, é algo deveras mais intricado, porque significa que partilham da mesma história, isto é, origem que, conquanto atualmente sejam muitos certamente já foram um e se todos são descendentes de uma mesma linhagem ilustre, logo somos família e essa união ora estremecida, ora fortalecida devemos ao egrégio Luís Vaz de Camões.

Um poeta português que se versa no épico lírico em que Homero se consagra, malgrado remeta ao arcaico deus nórdico Odin que outrossim sacrifica a imanente particularidade binocular em prol do engrandecedor conhecimento, ou melhor, em prol de todos, porque se Odin é o pai de todos, Camões é o pai do português o que lhe exigiu uma valentia desbravadora tão instintiva para um renascentista. Mesmo assim, por fim, ele é único como um dos melhores, se não o melhor, escritor que já houve.

Ele é o idealizador da sublime epopeia ‘’ Os Lusíadas ‘’ que imortaliza belamente o legado português no desbravamento, contudo também consolida a língua portuguesa, visto que, além de eternizar o glorioso pretérito de Portugal, ele igualmente fundamenta todo o português. Exemplificado no popularizar do vocábulo ‘’ saudade ‘’ cujas primitivas variantes personalidades régias como D. Dinis já haviam experimentado mesmo que seja D. Duarte que, enfim o componha para que Camões o difunda.

            No entanto, apesar de ser uma longeva palavra que se assenta perfeitamente no sentimento de um bravo desbravador que abdica do seu lar para fazer do mundo a sua morada nas Grandes Navegações, creio que também expressa apropriadamente a jornada de um contemporâneo imigrante lusófono que cruza mares infindáveis e burocracias tão dúbias quanto a fala enigmática da esfinge, porque almeja conhecer o desconhecido. Afinal, não seriam todos análogos ao mesmo desejo fervoroso de prosperar, explorar e transformar? Não seria essa audaz afoiteza uma característica comum de todos os lusófonos que nos une como ramos de uma mesma árvore frondosa?

            Tudo isso é exequível em virtude de Luís Vaz de Camões, porque o idioma mais esplendoroso não é nada se ninguém lhe articula todas essas virtuosas palavras em uma disposição em que constituam transcendentes dizeres, por isso ele não preceitua apenas a literatura portuguesa, entretanto toda a língua e consequentemente a nossa existência.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.

Comentários

  1. Vital realçar essa questão, quando a xenofobia cresce além-mar. Parabéns

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  2. Muito pertinente para a atualidade!

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  3. 👏👏👏👏👏👏

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  4. Divertido, mas de grande valor moral!

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  5. Amei, outro post fantástico!!!

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  6. Pertinente e emocionante, amei ainda mais como fã de Lusíadas!!!

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  7. Sou apaixonado por Luís de Camões, o suprassumo da literatura portuguêsa, e vê-lo demonstrar claramente a importância desse gênio na modernidade, me emocionou, parabéns!!!

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  8. Parabéns escritora Victoria!!!

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