Cariátides – As arquitetônicas musas gregas

 Cariátides – As arquitetônicas musas gregas


          Uma cariátide é uma esbelta mulher petrificada que serve concomitantemente de coluna decorativa com que a Medusa agracia a humanidade, bem como pilar de sustentação tal qual o Atlas que concerne a mesma mitologia. Certamente, esse artifício de ornamentação não é insólito para ninguém mesmo na sociedade vigente, visto que como perfeitamente constatável em outras áreas diversas, os gregos antigos que se autoproclamavam helenos abriram a caixa de Pandora do saber a qual ainda usufruímos e padecemos.

 Sendo assim, não é incomum que um contemporâneo desinteressado, assim como não o era a um renascentismo insípido procurar inspiração remexendo o solo fértil da Antiguidade Clássica onde prolíferas colheitas são reiteradamente ceifadas, conquanto as distintas maneiras de atar as gavelas e trançar os atilhos instiguem a algo original, apesar de espelhado no pretérito obsoleto, aliás, sequer creio que haja um outrora arcaico. Porque, por fim, se desmantelamos o passado tudo que nele se alicerça desmorona, pois não existe colosso que se erga em pavimento movediço.  

Inobstante, todas as subsequentes cariátides com a sua atinente infinidade de posições e compleições a primigênia, ou melhor, primigênias são aquelas que ornamentam e amparam o Erecteion a despeito da formosura das cariátides vienenses, parisienses ou ainda outras.

O Erecteion é um templo para venerar Atenas e Poseidon devido a mítica lenda de que no alto da Acrópole prorromperam uma oliveira e uma fonte de água salgada, ou seja, as respectivas dádivas divinais que pretendiam conquistar o apelo popular. 

Ele em si é lendário por se estruturar em um terreno tão acidentado que exige uma miríade de artimanhas arquitetônicas como alturas desiguais e mulheres baseadas nas nativas de Karyai no Peloponeso que dançavam com cestas de junco em cima da cabeça como esdrúxulas plantas dançantes. 

Ironicamente, são elas que estáticas perseveram, além do ancestral Cronos, vigiando a Acrópole em réplicas fiéis e o Museu da Acrópole em primárias que conservam o trançado das madeixas e a mesma elegância na postura altiva.

Antigamente, no Erecteion habitava uma serpente cujo rejeitar ou aceitar do bolo sagrado decretava a boa ventura ou mau agouro para os atenienses, ao passo que hoje são as pétreas musas nacionais que contemplam a Grécia conferindo-lhe uma consultoria discreta, mas poderosa. Em vista disso, a visite e aguarde para descobrir o que ela lhe sibilará acerca do progredir dos próximos milênios.


Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.

Comentários

  1. 🥰, muito curioso. Já havia visto as gregas, mas desconhecia todas as outras!!!

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  2. As cariátides são mesmo belas. Uma ideia arquitetônica que replicamos sem parar!

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  3. Incrível como replicamos o passado sem sequer conhecermos

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    1. Já é instintivo, por isso nem paramos para refletir a respeito

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  4. Parabéns, escritora Victoria

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  5. Parabéns, que lugar lindo, e com a tua explanação, ficou ainda mais belo.

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    1. Grata, estou realizada por transmitir toda a admiração que tenho pela Antiguidade Clássica!!!

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