Coroa de louros - A coroação pela excelência

 Coroa de louros - A coroação pela excelência


Na Grécia Antiga, onde a mitologia e a realidade se entrelaçavam como os galhos de um loureiro secular a coroa de louros transcendia a mera ornamentação, tornando-se um emblema imortal de glória, triunfo e sabedoria. Tendo em vista, que mais do que um adorno efêmero era, ou melhor, ainda é a materialização de épicas epopeias olímpicas, bem como intelectuais reverenciadas por deuses e mortais.

A origem do laurel remonta a uma herança mítica que através de uma dolorosa narrativa apaixonada descreve como o deífico Apolo se enamora perdidamente por Dafne, uma ninfa de extraordinária beleza, contudo tal admiração não era recíproca. Portanto, temendo a voraz obsessão do mimado Senhor do Sol, ela suplica aos deuses por proteção e, por conseguinte, é transformada em um frondoso loureiro.

O Apolo, malgrado lugubremente devastado é incapaz de negar a formosura da virente árvore em que a sua amada se transfigura, por isso ele colhe os ramos de suas folhas e confecciona uma láurea como um símbolo eterno do amor que sequer se concretiza.                                       

A partir desse célebre mito, a coroa de louros se consagra como uma insígnia venerada em todo o mundo grego e alastra-se com o seu avassalador domínio. Sendo assim, ela recai sobre as altivas cabeças dos vencedores dos Jogos Olímpicos celebrando, dessa maneira a força física e a excelência atlética, ao passo que outrossim recai sobre poetas e filósofos como o suprassumo do reconhecimento artístico, assim como do poderio transformador da arte e do conhecimento.

Excedendo um ordinário objeto, o laurel representa a busca incessante pela perfeição e a superação da limitação humana. Ademais, era um constante lembrete de que a glória não se restringe aos sanguinolentos campos de batalha ou às arenas esportivas, mas também pode ser alcançada através da mente e do espírito.

Mesmo após o declínio da civilização helenística, a coroa de louros preserva a sua relevância cultural e simbólica, tornando-se um triunfal emblema facilmente cognoscível. Consequentemente, quando hoje estimamos um milenar laurel somos transportados para um passado glorioso em que se almejava a preeminência em uma guerra pela eminência na qual todos se aprimoram.

É uma celebração e concomitantemente um convite para a esmerada persistência com o aprimoramento que enobreceu a Antiguidade Clássica e continua fazendo o mesmo pela contemporaneidade.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.

Comentários

  1. Incrível, um símbolo conhecido por todos e compreendido por poucos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas, creio especialmente fascinante que ele tenha sobrevivido a tantas eras da humanidade

      Excluir
  2. Parabéns, muito curioso!!!

    ResponderExcluir
  3. 🥰 Adorei um pouco de cultura em nossa sexta feira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito feliz que eu esteja agregando um pouco de conhecimento a sua semana!

      Excluir
  4. 👏👏👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  5. Super pertinente em ano de Olimpíadas!!!!

    ResponderExcluir
  6. Impressionante, escritora, e a época não poderia ser melhor!!!!

    ResponderExcluir
  7. Parabéns, escritora nos lembrando de tudo que envolve esse grande evento!!!

    ResponderExcluir
  8. Um discurso pertinentíssimo para as vésperas de mais uma Olímpiadas

    ResponderExcluir
  9. Sempre uma delícia ler teus textos e esse veio no momento oportuno nos esclarecer sobre esse momento que logo chegará, as olimpíadas!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, como uma grande curiosa, adoro revisitar o passado para esclarecer o presente. Estou sempre aberta a sugestões e feliz que me acompanhe nessa jornada literária!!!

      Excluir

Postar um comentário

Seguir

Compartilhe

Postagens recentes

Istambul - Onde Oriente e Ocidente se entrelaçam

Memórias de um Caçador - Turguêniev e eu

A troca da guarda - Uma celebração viva à memória da Grécia

Bazar de Especiarias – O coração aromático de Istambul

Place du Palais-Royal – A modernidade usada para revitalizar a antiguidade