Paris para mim - Torre Eiffel do nascimento desprezado até a eterna consagração

 Paris para mim - Torre Eiffel do nascimento desprezado até a eterna consagração

Paris é emblemática, atemporal e uma eterna referência do sublime arquétipo europeu consequentemente as suas insígnias são tão renomadas e arraigadas na cultura ocidental que a própria Europa também se apropria das supracitadas.

Além disso, tudo impele para que consideremos tais célebres símbolos algo além de perpétuo e antigo, também unânime, porque presentemente eles são universalmente apreciados e replicados algures, embora qualquer réplica de cunho artístico esteja irremediavelmente fadada ao malogro na busca pela perfeição original, já que não transcende uma mera fagulha que se desprende do fogacho primordial e mesmo que atinja solitariamente um tênue brilho jamais poderá se equiparar ao fulgor que deriva tamanha é a expressividade do arrojado precursor.

Por essa razão, a vivaz e reluzente flama de Héstia em meio a cintilante valsa que dança em seu eixo remete a um esplendoroso sol, enquanto todas as subsequentes imitações por mais esplendidas labaredas que sejam meramente aludem a tremulantes velas que quase sofrem um revés na ferrenha guerra contra as trevas. Inobstante, a tal acachapante constatação parece que tanta luz cega momentaneamente até a mais sábia vista, pois as mais brilhantes invenções padecem das mais vigorosas represálias.

Portanto, eis cá o alto custo que a audácia demanda e, conquanto eventualmente a criação demore a vingar ou arruíne o idealizador como Prometeu que concede o fogo a humanidade ao exorbitante preço do infindável martírio pessoal certamente fará jus a toda e qualquer tortura se lograr como a Torre Eiffel perfeitamente demonstra.

Ela hodiernamente é famigerada e adorada, por conseguinte, é lógico que ponderemos que desde os primórdios assim sucedeu, não obstante, isso é uma pura falácia. Tendo em vista que algo tão ousado e distinto como a Dama de Ferro teve que batalhar para ser reconhecida, bem como o Champ de Mars ou Campo de Marte em que ela atualmente reina também alguns séculos atrás pugnou para materializar a excêntrica aspiração.

Sendo assim, ironicamente tanto a singular coroa quanto o trono em que ela repousa guerrearam para conquistar as regalias que hoje desfrutam o que deve suscitar orgulho em Marte o deus romano da guerra homenageado.

A Torre Eiffel é uma imponente estrutura de ferro que transita entre uma armadura costurada pelo deus ferreiro Hefesto e uma esdrúxula coroa industrial, malgrado quiçá não seja nenhum dos dois, já que esse alteroso emaranhado de vigas metálicas devido ao caráter vanguardista não deve ser respaldado em qualquer concepção prévia.

Tendo isso em vista, é inteligível o assombro dos franceses ao contemplar o titã metálico no horizonte erigido pelo engenheiro Gustave Eiffel para a Exposição Universal de Paris de 1889, apesar do mesmo não se acanhar perante a desconfiança alheia pessoalmente creio que ele construiu o seu cômodo privado no que já foi o cume mais alto do mundo para que salvaguardado pelo próprio gigante fabril estivesse longe em demasia do alvoroço mundano.

Toda essa proeza realizada em exatos dois anos, dois meses e cinco dias que aparentam ser insignificantes, quando se recorda que a tal Torre Eiffel tão menosprezada seria no porvir praticamente o brasão francês autenticada pela A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) que lhe declara Patrimônio da Humanidade, ou seja, despretensiosos e ínfimos meses seriam responsáveis por personificar os devaneios do audacioso engenheiro que concebe mais do que um monumento também um poderoso símbolo, ou melhor, ele petrifica a rebelde Marriane como se fosse a própria Medusa.

A Torre Eiffel é uma homenagem a Revolução Francesa que a mulher de barrete vermelho simboliza algo gracioso, porque imagino que os revolucionários se afeiçoariam a um colosso moderno que afronta o pretérito, rearranja o presente e transforma o futuro.

Entretanto, nessa altura não havia um pensamento tão progressista, logo a Torre Eiffel quase foi destruída, após duas décadas, já que ela primeiramente é elaborada como uma construção desmontável e temporária, aliás, por isso que até a atualidade ela requer tanta manutenção como uma nova pintura a cada 7 anos para incutir uma sobrevida no ancião que já deveria ser cadáver, contudo é preservada pelo extremo valor para a radiotelegrafia.

            Considerando tamanha desdém, talvez os setenta e dois cientistas, engenheiros e matemáticos franceses homenageados pelas contribuições para a edificação da torre estivessem mais constrangidos do que enlevados pelos nomes gravados na cinzenta mácula parisiense.

            Ela que auxilia os aliados durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914, quando serve no exército como torre de rádio, malgrado na Segunda Guerra Mundial seja coagida a expor uma suástica nazista no píncaro.

            Enquanto, no andante momento ela serve como vanglória nacional e objeto de admiração mundial para essa deslumbrante Paris que tanto me debrucei para desvendar e cuja totalidade é tão fascinante quanto cada fragmento.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.

Comentários

  1. Estou impressionado com tudo que apreendi, como sempre traz fatos muito interessantes

    ResponderExcluir
  2. Conseguiu fazer com que algo totalmente conhecido pareça até algo novo, amei

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito alegre por ser capaz de manifestar toda a minha admiração

      Excluir
  3. Meus parabéns escritora transformaste uma cidade tão especial em algo único!

    ResponderExcluir
  4. Impressionante monumento moderno descrito de uma forma fascinante

    ResponderExcluir
  5. Não conhecia nada a respeito, mas fiquei encantado. A escritora Victoria Nogueira sempre traz cultura!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Seguir

Compartilhe

Postagens recentes

Istambul - Onde Oriente e Ocidente se entrelaçam

Memórias de um Caçador - Turguêniev e eu

A troca da guarda - Uma celebração viva à memória da Grécia

Bazar de Especiarias – O coração aromático de Istambul

Place du Palais-Royal – A modernidade usada para revitalizar a antiguidade