Budapeste - A joia do Leste Europeu

 Budapeste - A joia do Leste Europeu

         Budapeste é uma bela cidade distinta, mas igualmente intrigante e seja qual for a exaltação com que deseje adorná-la para depreender a sua razão sempre deve regredir ao seu nascimento, ou melhor, múltiplos princípios, porque Budapeste é essencialmente um berço em que os três trigêmeos seriam embalados até amadurecerem o suficiente para partilhar o domínio em comum como os deuses olimpianos Zeus, Poseidon e Hades fizeram em um outrora remoto.

       O primogênito é Obuda que primordialmente foi uma tribo celta até ser subjugada pelo atroz Império Romano cujo esbraseante furor não é mitigado sequer pelas famosas termais que atribuem a Budapeste sua primeira nomenclatura Aquincum que deriva de água, além de lhe conferir um prestígio que persiste ao indiferente tempo, desta maneira, sobrevivendo até a atualidade o que não ocorre com o Império Romano que alguns séculos, após o nascimento de Cristo sofre um austero malogro que lhe custa o domínio citadino.

       Os triunfantes heróis são sete tribos bárbaras que, enfim erigem duas cidades divergentes que poderiam até ser a mesma se não houvesse um ínfimo abismo que serve como uma intangível fortificação que impede que lugares tão análogos convirjam em um único, tudo devido ao Danúbio que limpidamente meandra por entre irmãos separados ao nascer e fadados a se arrostar reciprocamente para a eternidade.

       Um é chamado de Buda que significa água, enquanto o outro é nomeado de Peste que representa um forno ardente, ou seja, tudo por sua vez denota a existências das célebres termais.

       Em seguida, finalmente no longínquo ano 1000 é concebido a nação da Hungria com a coroação de Estevão I, entretanto toda história que se atreve a ser longeva está passível a gloriosas vitórias e fúnebres reveses. Tendo isso em vista, os mongóis eventualmente devastam a cidade que renasce como uma Fênix das ensanguentadas cinzas, contudo ela também é consagrada como a capital da Hungria o que culmina em um estonteante desenvolvimento.

       Como supramencionado tal narrativa é afim ao decorrer de uma história milenar e, embora as desgraças sejam tétricas e os triunfos fugazes, por fim, tudo esmera a capital da Hungria que se lapida entre delicados e brutos golpes para se tornar uma vistosa escultura provinda de um excepcional mármore.

       Consequentemente, existem os turcos que avassalam Buda e abandonam Peste e depois, em seguida, os austríacos Habsburgos que se apossam de tudo. Essa foi uma época próspera em que exuberantes igrejas, edifícios e até uma universidade foram salpicados sobre a cidade, ademais é inaugurada a primeira ponte permanente que une ambos costurando empenhadamente o abismo, ou melhor, afigurando como a reconstrução do mais esplendoroso cordão umbilical que junta o Danúbio aos seus filhos e irmão a irmão. Ela é intitulada Ponte das Correntes, conquanto exerça um protagonismo libertador.

       Não obstante, os húngaros lutam pela própria liberdade entrecortada por variadas preponderâncias estrangeiras que podam a altiva árvore húngara sempre impedida de se transformar no majestoso freixo. Na Revolução Francesa era defendida a concepção de que a árvore da revolução só crescia se regada com o sangue dos reis algo que os húngaros se desvelaram para experimentar, apesar de que o resultado não foi o planejado.

       A Hungria não se desprende da Áustria, mas ao invés de vencer o inimigo, logo é unificada fundando o poderoso Império Austro-húngaro e é durante o vigorar de tal resplandecer que finalmente os trigêmeos Obuda, Buda e Peste se condensam na magnificente Budapeste que atinge uma importância tão expressiva que rivaliza com Viena a hegemonia imperial.

       Até que a dissolução do Império Austro-húngaro em virtude da Primeira Guerra Mundial, logo cede a Hungria a completa soberania pessoal, por conseguinte, fundando um estado independente.

       Se bem, que mais algumas calamidades iriam a assolar até assumir a silhueta contemporânea que conhecemos, pois ela perde dois terços do território devido à imposição de um acordo com os aliados, padece muito na Segunda Guerra Mundial e ainda é submetida ao poder soviético.

       Entretanto, por fim, conquista a almejada paz duradoura, assim como é integrada a Europa através da União Europeia como um país independente cujas profundas cicatrizes servem presentemente para embelezar a heroica capital húngara que fragmentada ou unida impugnou a ruína e, portanto, foi presenteado com a prosperidade.

       Budapeste é deslumbrante seja em Buda ou Peste que ficarei exultante em descrever no porvir.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.


Comentários

  1. Uma história muito interessante e pensar que eu só conhecia este país pelo filme o grande hotel budapeste

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  2. Uma capital belíssima que adorei conhecer e espero um dia visitar

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  3. Nem imaginava como foi construída a linda Budapeste! Que aula maravilhosa com ricos detalhes !

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  4. Menina encantadora! Como compreender de pronto uma mente tão segura nas narrações históricas e geográficas! Deus te ilumine cada vez mais.

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  5. Deslumbrante e bela narrativa deixando o leitor já inquieto pela continuação da história!

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    1. Prometo que a espera vale a pena, porque Budapeste é uma capital espetacular!

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  6. Budapeste é tão bela. Merece mais reconhecimento

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  7. Lindo texto para uma linda cidade.

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  8. Parabéns pela narrativa.

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