St. Moritz - A joia suíça

         A maioria das cidades são moldadas por homens eruditos que erigem a mais excêntrica construção ou concebem a mais espetacular ideia, no entanto este não é o caso de St. Moritz que, embora exiba uma charmosa vila alpina o que se destaca é a artística beleza natural que lhe ronda, porque em St. Moritz a impetuosa natureza resolve designar para si o encargo de compor o estupendo panorama. Por isso ergue as belas cordilheiras que soam como uma assombrosa fortificação que, caso não fosse tão esmeradamente esculpida iria suscitar medo.

            Entretanto como é ataviada com uma verdejante indumentária e salpicada com a alva neve, logo faz com que esqueçamos a sua agressividade para focar em seu encanto, aliás, neve é o que não falta neste sossegado refúgio que é tão alto que parece que as leves nuvens descem como penas para pousarem em forma de cristais de gelo na paisagem.

A vila suíça deve o nome que recebeu ao santo suíço Maurício de Tebas que foi um capitão de uma legião romana conhecida como legião tebana, que se converteu ao ainda recente cristianismo.

Enquanto a sua posterior proeminência se deve a já supramencionada natureza que presenteia esse altivo recanto nevado com águas medicinais que encantam os transeuntes fazendo com que a abertura de um estabelecimento termal seja uma mera consequência inevitável, desta forma, curando os enfermos viajantes que lhe recorriam e os locais que encontram no ascendente comércio uma fonte pecuniária mais rentável do que os carneiros que se empenham para saltitar entre as inamistosas rochas.

Eles aceitam o encargo de guardiões do santuário natural até o momento desconhecido, quando escancaram o seu refúgio para o resto da humanidade que peregrina ao seu encontro.

O acordo tácito de respeito mútuo que se restringia a modestos pastores e a natureza que decifram com a facilidade que a maioria destina as letras, logo precisa se estender para célebres famosos e velozmente também para os amantes de esportes de inverno que vêem St. Moritz com a devoção arrebatada de um desbravador frente a uma terra desconhecida.

Eles descobriram o maior refúgio de aventura invernal e quando se observa a perfeita inclinação íngreme e as perigosas pedras pontiagudas que surgem como dentes da montanha conferindo um desafiador risco para o qual os esportistas de inverno não conseguiram resistir, obviamente parece que  Despina, deusa grega do inverno, constituiu esse monumento para agradar homens que ainda nem sequer tinham nascido, entretanto cujo completo deslumbramento foi essencial para enfim St. Moritz transcender o pequeno país encravado no centro da Europa e se colocar no mapa do mundo.

St. Moritz no auge da sua relevância se transforma na primeira comuna a eletrificar a iluminação pública em 1878 e a inaugurar um telesquis em 1935, embora a definição coroação em louros da sua primazia tenha sido sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 1928 e os Jogos Olímpicos de Inverno de 1948.

Todavia, não pode se olvidar que, apesar de ser aberto a admiração e apreciação mundana, St. Moritz é essencialmente uma obra selvagem, portanto é compreensível que a mesma tenha confeccionado para si um grande lago cristalino que, quando congela se transforma em um perfeito espelho onde a silvestre criadora pode se deleitar com a própria criação.

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