Livrarias Lisboetas - Através do meu olhar

 Livrarias Lisboetas - Através do meu olhar


      A literatura pode ser vista como o mais terno dos passatempos, ou melhor, como a necessidade de expor tudo aquilo que transcende outras formas de expressão, já que, não há maneira melhor de reanimar o mais abstrato sentimento do que através da palavra certa.

    Consequentemente, toda obra é uma sobrevivente histórica que aguarda a sua oportunidade para contar a sua própria narrativa, enquanto cada página conserva além de esmeradas palavras, também o espírito e a mentalidade de outra época. 

       Por isso, acredito que devemos estimar e propagar a nossa história com o mesmo ímpeto que nos inteiramos de todas as outras, incluindo os clássicos que são uma valiosa forma de nos relacionarmos com um outrora distante cujas ações padecemos ou usufruímos até a atualidade, por conseguinte, eu me atrevo em dizer que apenas captamos verdadeiramente a essência de uma cultura, quando tomamos conhecimento da sua literatura
    
          Porque, a cultura não se restringe a imponentes construções, mas também se refugia nas páginas de um vetusto livro. Então, mais do que um complemento, caso deseje realmente vivenciar uma realidade diferente certamente terá que procurar a literatura local. 

         Posto isso, irei elencar alguns reconfortantes recantos, onde encontrará a célebre literatura em Lisboa, algo que fortemente recomendo.

     A Bertrand é a mais antiga livraria do mundo em funcionamento. Uma autêntica sobrevivente da passagem impiedosa do tempo que lhe fustiga desde 1732. Todas as livrarias e bibliotecas possuem em suas estantes vidas e histórias que merecem ser reveladas, entretanto como tudo na humanidade é regido segundo a lei do mais forte, somente as melhores conseguem perseverar e esta é a razão pela qual a Bertrand segue intacta e repleta de graças até os dias de hoje. Pois, ela é simplesmente irresistível, já que, é impossível permanecer insensível perante os cômodos que se descortinam conforme avança no caminho para a sabedoria e indizível regozijo. Quando perpasso pela esquina, onde ela timidamente se localiza com apenas alguns livros no mostruário expondo de antemão sobre o que se trata, eu já me sinto atraída para dentro, como o vaga-lume que entrevê um candeeiro, algo que só se intensifica quando lhe adentro e se assim se concretiza, eu só me liberto do seu domínio ao trazer comigo uma parte da Bertrand. Aliás, recomendo que todos levem para o lar, um fragmento desta livraria, pois além de ostentar magníficas histórias, ela por si só já personifica uma homérica narrativa.


            A Sá da Costa é uma livraria imprescindível para quem adora a literatura em todo o seu esplendor, ou seja, não se limita puramente a ler um livro, algo já prazeroso. Todavia, gosta de se demorar sobre as mesas e estantes que reservam distintas capas e línguas. Especialmente, a Sá da Costa propõe esta imersão à literatura e, devido ao enfoque que destinam ao pretérito, também à história em geral, por isso creio que ela não deva ser observada meramente como uma livraria, imagino que ela se aproxime mais de um museu, onde podemos levar a relíquia com que mais se afeiçoa. Portanto, é vital que se reserve um tempo considerável para contemplar toda a vastidão de obras que abrangem diversas línguas, culturas e áreas. Assim fazendo com que eu me sinta a um esticar de mão para alcançar qualquer história ou época desde que eu destine concentração para as infinitas possibilidades que se lançam, em algumas reconheço os símbolos como linguagens que já decodifiquei, enquanto outras são verdadeiras incógnitas, ao mesmo tempo, algumas já conheço, enquanto outros me instigo a conhecer. Seja como seja, a Sá da Costa é um lugar tão mágico que mesmo se eu dedicar a eternidade para decifrá-la, ainda assim, não conhecerei por inteiro nem mesmo uma sessão, algo que me reconforta, porque nem tudo foi feito para ser plenamente compreendido. Porém, se houver uma dúvida específica que almeje sanar, certamente, encontrará as respostas na Sá da Costa, caso saiba buscar.


           
            Lisboa é uma cidade, onde não é preciso procurar a arte, já que, um simples caminhar  por suas charmosas ruas, invariavelmente, irá se defrontar com ela. Pois, na capital portuguesa a arte se emaranha pelo cotidiano de tal forma que inconscientemente a assimilamos nos mais genuínos momentos, portanto é comum que uma simples caminhada desproposital leve a uma esplêndida livraria a céu aberto, onde encontrará toda a espécie de obras que ambicione, ou ainda poderá desatinadamente pousar os olhos sobre um exemplar a muito tempo desejado. Então, caso sua justificativa para não adquirir um livro em Lisboa seja de que carece de tempo para adentrar em uma livraria, agora já sabe que sempre pode recorrer as pitorescas livrarias erigidas magicamente sobre as praças e calçadas.


   A livraria Ler Devagar maravilhosamente desafia a noção de convencional que temos. Ela é peculiar e encantadora ao adentrá-la se deparará com imensas paredes que se erguem repletas dos mais diversos livros existentes, talvez até decidir o teu predileto terá que bebericar um café na cafeteria interna perfeita para ponderar. Ler Devagar  é ideal para encontrar um livro específico, mas também para descobrir uma inusitada livraria que nos relembra que há infinitas e criativas maneiras de ofertar este produto tão versátil. Ela se encontra na Lx Factory um espaço comercial e artístico que se assenta em uma antiga zona industrial junto da entrada da ponte 25 de Abril.



              Embora, eu tenha uma predileção pelo histórico, por vezes, gosto de frequentar uma autêntica livraria contemporânea, que é organizada no vigente sistema de encontrar em uma única edificação os mais diversos bens de consumo. O que não significa que a livraria seja menos interessante, pelo contrário, com amplos e iluminados aposentos provavelmente encontrará o que ambiciona, ainda mais, caso se trate de uma obra atual, que recém foi materializada da mente do autor para o papel. Caso, seja isso que deseje certamente adorará a Fnac

    Em resumo, o que não falta em Lisboa, são excelentes e mágicos recantos para leitura, com diversas propostas que se complementam.

Link para conferir Ópera de Gelo, o meu novo romance histórico.


                 

Comentários

  1. Texto excelente e fascinante senhores, estou deveras impressionado com essas livrarias lisboetas.

    ResponderExcluir
  2. Texto que nos leva ao mundo mágico dos livros .Existe uma quantidade enorme de coisas que todo leitor e fã de literatura já sonhou em fazer nessa vida e, com certeza, após a leitura deste novo post da escritora Victoria Nogueira visitar as livrarias lisboetas será a meta de quem ainda não o fez.

    ResponderExcluir
  3. Essa menina é um talento,ela escreve de uma forma tão real que parece que ando pelas ruas de Lisboa visitando as lindas livrarias.Estou encantada!!

    ResponderExcluir
  4. Realmente Lisboa tem belas livrarias, que valem a pena ser visitadas.

    ResponderExcluir
  5. Victoria , senti como se estivesse caminhando pelas livrarias de Lisboa. Parabéns

    ResponderExcluir
  6. Fico muito feliz em ver jovens exaltando a leitura.
    Parabéns a essa jovem e talentosa escritora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grata! Pretendo compartilhar ainda mais literatura na próxima semana.

      Excluir
  7. Amei , adoro passear através das tuas palavras .

    ResponderExcluir
  8. Congratulations for the text

    ResponderExcluir
  9. Recantos de conhecimento e cultura.
    Parabéns pelo texto.

    ResponderExcluir
  10. Locais imperdiveis na linda Lisboa.

    ResponderExcluir
  11. As livrarias de Lisboa, são maravilhosas!!

    ResponderExcluir
  12. Virei fã do blog, adoro seus textos.

    ResponderExcluir
  13. O povo português é apaixonado pela leitura.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Seguir

Compartilhe

Postagens recentes

Istambul - Onde Oriente e Ocidente se entrelaçam

Memórias de um Caçador - Turguêniev e eu

A troca da guarda - Uma celebração viva à memória da Grécia

Bazar de Especiarias – O coração aromático de Istambul

Place du Palais-Royal – A modernidade usada para revitalizar a antiguidade