Atenas – A ágora é uma representação atemporal da sociedade

Atenas – A ágora é uma representação atemporal da sociedade

A ágora é a mundana contraparte da sacra acrópole que constituía o religioso caráter anímico da antiga sociedade grega. Consequentemente, ela é a antítese complementar da sacrossanta irmã que resguardava em sua devota quietude uma aura santificada que os brandos sussurros de súplica dos fiéis e os zelosos murmúrios de reza dos sacerdotes não dissonam, todavia antes endossam consonantemente a mirificada melodia olimpiana.

Mesmo assim, é imprescindível estar ciente de que toda acrópole é como um pequeno Olimpo, ou seja, pertence ao divino panteão o que faz com que, por sua vez, os mortais sejam sempre comedidos visitantes que contemplam, veneram e se retiram.

Concomitantemente, a ágora é o coração citadino que bombeava vitalidade para toda a configuração social de Atenas, por esse motivo, além da localização central outrossim centralizava a existência política e comercial de um ordinário ateniense. Em vista disso, depreender a ágora é revocar o cotidiano de um império que expugnou o mar Egeu e conquistou a mentalidade europeia, porquanto ainda hoje é impraticável desassociar a ateniense compreensão de mundo daquela que está em voga no Ocidente.

Afinal, no simbólico testamento de Péricles, o primeiro e apoteótico cidadão de Atenas, além do suntuoso espólio arqueológico também há uma noção vital que ainda legamos. Diante disso, é miraculoso que ao nos inteirarmos a respeito de uma vetusta praça pública orlada por mercados, templos e prédios governamentais desvendemos mais semelhanças do que particularidades com a realidade vigente. Asseverando assim que, conquanto evoluamos, existem características inerentemente humanas que são atemporais e desdenham os incessantes milênios. Porquanto, como sabiamente salientou Aristóteles, um filósofo que muito deambulou pela ágora, o homem é um ser social.

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